24 de junho de 2009

De ouvir, emocionar e arrepiar.

O Teatro Municipal de Pouso Alegre já estava lotado.
Os músicos preparados, brincando com os sons de suas flautas e teclas, e o bobo fazendo suas graças.

Ela chegou para assistir ao Grupo Le Bizarre. Uma senhora distinta, elegante, bem vestida. Procurou uma cadeira, mas os poucos minutos que se atrasou lhe roubaram um lugar.
Aproximou-se de um senhor que estava ali, imaginando que trabalhava na casa. Acertou e ele lhe conseguiu um assento.

Confortável, a senhora assistiu a todo o espetáculo. Ninguém saberia se ela gostou ou se a música não lhe causou nenhuma emoção se ela não quisesse expor o que a inquietava.

Ao sair, encontrou-se com o mesmo senhor que lhe garantiu uma cadeira.
Aproximou-se dele, retirou da bolsa uma nota de dez reais, enrolou-a e colocando-a no bolso da sua camisa lhe disse:

_ Eu já estive em muitos teatros. Vi muitas peças bonitas e famosas. E este espetáculo não deve nada a ninguém!
Ela sentiu a alma desgrudar!
E me sinto por isso, de fato, um músico.

23 de junho de 2009

Le Bizarre.


Já se vão dois anos desde o convite que recebi para participar do Le Bizarre, grupo de música antiga (medieval, renascentista), contemporânea e negra.

Assisti ao grupo pela primeira vez em sua comemoração de 15 anos, numa apresentação no Conservatório. Eu, que já ouvia muitos comentários sobre a beleza do grupo e os de minha professora dizendo que eu deveria conhecer seu trabalho, já que estávamos trabalhando num repertório de músicas renascentistas, fiquei chocado, inquieto e emocionado durante a apresentação. Como disse outra vez, nos tempos do Pedra, Flor e Espinho: A alma da gente parece que desgruda!

Fiquei louco pra participar do grupo!
O repertório é fascinante: músicas de seiscentos, setecentos anos atrás, cantos de trabalho dos negros, canções de cavaleiros voltando das cruzadas, de reis, rainhas e palácios, canções folclóricas da Macedônia e Bulgária, uma oração em maia. Arranjos com três, quatro vozes tornando as músicas bonitas ao mesmo tempo em que garantindo uma sonoridade exótica e diferenciada. Um banho de informações históricas pra professor nenhum botar defeito (alguém aí sabia que o Rei Henrique VIII além de esposo de Ana Bolena também era músico? rs). E com muitas flautas, instrumento que sempre gostei [e ainda irei aprender].
Não tinha como não me apaixonar.



Hoje participamos do Projeto Teatro e Música nas escolas, em Pouso Alegre.
Duas apresentações, às 10h e às 19h.
Duas apresentações boas, mesmo com muita conversa do público e algumas falhas do grupo.

Mais que feliz e satisfeito com as apresentações, o que é bem comum, eu me sinto orgulhoso!
Orgulhoso por participar e poder honrar a camisa do Le Bizarre.

Sem exageros nem dramas, o Le Bizarre é o que mais amo, o que mais dá prazer e sentido pra minha vida e minha [vontade] de fazer arte.
Inevitável não citar agradecimentos e carinhos pra Marialba, coordenadora_professora_ orientadora_maestra.

Dois anos no grupo e minha alma continua a desgrugar!